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A minha primeira experiência em sala de aula, de pé diante de mais ou menos 30 alunos, foi inesquecível. A monitoria que eu dava para a turma da Licenciatura em Artes Visuais, cujos alunos terão sua formatura junto comigo, era complicada devido à disciplina que movia pouco interesse deles por considerarem sua inutilização para a prática docente, além de ter um conteúdo capcioso – que eu já tinha visto no CEFET-RS. 

Foi aí que despertou o meu interesse por ensinar. Mas não dei muita bola, pois esta experiência foi no ano de 2009 e eu só me formaria em 2011 – lembro de pensar que faltava muito tempo. E cá estou! O assunto Educação “caiu no meu colo” novamente quando tomei conhecimento, há poucas semanas, das inscrições à seleção de Mestrado em Educação da Universidade Federal de Pelotas. Pois bem, corri atrás de livros e revistas que me inteirassem do assunto para a prova escrita, que será realizada nesta segunda, dia 07.

O primeiro clássico que peguei para ler foi Pedagogia da Autonomia do sábio Paulo Freire. Me comoveu. De certa forma me conscientizou a respeito de vários e importantes assuntos relacionados à educação, como ética, aperfeiçoamento do docente, reflexão, respeito ao discente, comprometimento, bom senso, e assim vai... e consegui formar uma opinião própria sobre seus pensamentos. “Talvez, numa outra época, com outros pensamentos e outras políticas governamentais...”.

Daí, como sou movida pela Arte, tive a idéia de pesquisar sobre a educação integrada à Arte. E eis que surge a Arte-educação, assunto que estou super-hiper-mega interessada no momento e que tenho convicção da sua importância para a educação. Livros como A Educação pela Arte (Herbert Read) e Educação pela Arte – Depoimentos são livros que tem me acompanhado na cabeceira da cama.

Algumas reflexões acerca do assunto estão presentes em meu pensamento, pois os gregos, Platão, Nietzsche e outros filósofos acreditavam nesta formação integral do ser humano, onde a cultura dá a base - um dos principais objetivos da educação. O que quero dizer é que tendo a Arte como base da Educação encontraremos a verdadeira natureza do ser humano, incentivando a capacidade de reflexão, discussão e interesse pela cultura. “Quando a pessoa é educada pela arte, através da arte, ela desenvolve o hábito da criatividade, e isso, vai acompanhá-la pelo resto da vida” comenta Isa Aderne, em Educação pela Arte – Depoimentos.

Quanto à criatividade, lembro que li algo sobre o assunto neste mesmo livro e que me chamou MUITO a atenção: 

".. E quando os caras descobriram que uma criança nasceria trazendo às palavras, a ordem foi: 'Matem as criancinhas' Não é isso que fazem com a gente? Pensem bem: o pronome pessoal 'eu' está no meio da palavra 'Deus'. Eu sou um 'eu', você é outro 'eu', ele é outro 'eu'. Isso aqui é um encontro de 'eus'. 'Toda vez que se reunirem em volta de mim eu estarei presente.' E aí, esse menino que Heródes mandou matar disse que vinha dizer o que? 'Deus está em mim, em ti. Eu sou o Criador'. Já parou para pensar que a palavra 'criança' tem o mesmo radical da palavra 'cria', 'criação' e 'Criador'? Ja pensou que matar a criança significa matar a criatividade? Matar o criador que há dentro de você?Quando você ve uma criança brincando de aviãozinho, você não é capaz de chamá-la de louca. Porque ela é criadora do seu próprio universo. nada mais perto de Deus do que uma criança. Só que um dia tem um Herodes que diz : 'Para sobreviver, você tem que matar essa criança!'. E ai, nós viramos adultos, e o adulto é uma criança adulterada. Olha o segredo da palavra! E ao virarmos adultos acabamos matando essa criança. Nós adulteramos a criança. Como é possível termos uma sociedade criativa se todas as crianças foram assassinadas? .." (Márcio Libar)

Será que a idéia de formar o ser integralmente será exterminada quando conseguirem matar todas as crianças interiores dentro de cada um de nós?

Não posso deixar que isto aconteça!
Torçam por mim...

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